Gestora do Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal e da Área Marinha Protegida das Avencas
Phd em Sistemas Costeiros
No âmbito do Projeto de Cidadania e Desenvolvimento Jovens Repórteres para o Ambiente (Associação Bandeira Azul da Europa), a Turma (2º M) tem vindo a realizar algumas atividades nas disciplinas de Área de Integração, Português, Fotografia e Projeto e Produção de Fotografia.
Na aula de Português, depois de uma pesquisa relativa à Área Marinha Protegida das Avencas, construímos um guião de entrevista e entrevistámos, na forma escrita, a Gestora desta Área e do CIAPS (isto é, o Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal), Ana Margarida Ferreira.
O Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal foi inaugurado em 2005 com o objetivo de divulgar a diversidade biofísica e riqueza cénica do litoral junto à Zona de Interesse Biofísico das Avencas (ZIBA).
Promover e divulgar o Litoral de Cascais e a Área Marinha Protegida das Avencas e aumentar as boas práticas ambientais, bem como a redução de danos através da Educação e Sensibilização Ambiental
O CIAPS possui um plano de atividades repleto de ações de Educação Ambiental dirigidas às escolas e ao público em geral. Igualmente conta com várias exposições temporárias angariadas através de uma vasta rede de parceiros. Em 2020 será igualmente inaugurada uma exposição permanente dedicada a divulgar o litoral de Cascais.
Para o público em geral existem várias atividades da natureza que são modificadas trimestralmente consoante a temática, existem igualmente palestras em dias emblemáticos e algumas atividades para os mais novos ao fim de semana. Mais informações poderão ser consultadas através do site cascaisambiente.pt
Em relação ao público escolar, a oferta educativa do centro passa por temáticas ligadas ao mar e à geologia uma vez que existem outros centros de interpretação no concelho de Cascais que abordam as várias temáticas ambientais.
Se o CIAPS não existisse estar-se-ia a perder um importante ponto de divulgação do património Natural e Histórico ligado ao Mar de Cascais.
A Área Marinha Protegida das Avencas é definida pela frente marítima do concelho de Cascais entre as praias de São Pedro do Estoril e da Parede, delimitada pela Estrada Marginal e pela distância à costa de um quarto de milha, conforme representação constante da planta de síntese, nos termos estabelecidos no artigo 83.º, na redação dada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 64/2016.
As alterações definidas na Resolução do Conselho de Ministros n.º 64/2016, que reclassificou a AMP das Avencas, tiveram por finalidade a conservação e a valorização do património natural e da biodiversidade da AMP das Avencas, pressuposto de um desenvolvimento sustentável, designadamente, a conservação e a valorização do habitat rochoso entre marés e a promoção de atividades de educação e sensibilização ambiental que visam o desenvolvimento de uma relação mais estreita, consciente e harmoniosa entre o cidadão e o ambiente
Dentro dos limites da AMP das Avencas são interditos os seguintes atos e atividades:
a) A introdução de espécies não indígenas, da flora ou da fauna, de acordo com a legislação em vigor;
b) Recolha de amostras biológicas e geológicas ou quaisquer atos que contribuam para a degradação ou destruição do património natural, com exceção das realizadas para fins exclusivamente científicos e devidamente autorizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, I. P.;
c) Alterações à morfologia do solo e modificação do coberto vegetal, com exceção das intervenções de recuperação ambiental autorizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, I. P.;
d) Ações que possam vir a introduzir alterações na dinâmica costeira e na modificação da costa, à exceção da manutenção de estruturas de defesa costeira existentes;e) A realização de operações de alimentação artificial das praias dentro dos limites da AMP das Avencas;
f) A ancoragem de qualquer tipo de embarcação, com exceção dos casos de embarcações inseridas em projetos de investigação científica ou de conservação da natureza, nas condições previstas nas respetivas licenças ou autorizações;
g) A instalação de unidades de aquacultura;
h) A prática de desportos náuticos motorizados;
Observaram-se 50 espécies de organismos sésseis e macroalgas. As algas foram o grupo com maior número de espécies registadas (32 espécies), sendo as mais abundantes a alga coral (Ellisolandia elongata) e a alga vermelha tufosa (Caulacanthus sp.). Entre os restantes organismos sésseis foram contabilizadas 18 espécies. De uma forma geral, os organismos mais abundantes foram cracas (Chthamalus sp.) e lapas (Patella sp.). Foram contabilizados 482 organismos móveis de 30 espécies diferentes.
Especificamente entre a Praia da Parede e a Praia de São Pedro do Estoril foi definida a Área Marinha protegida das Avencas (ZIBA), dadas as especificidades e interesse geobiológico do local, sendo reconhecido o seu valor a nível de património natural. Devido às características geofísicas das extensas plataformas calcárias da zona intertidal referida e à sua complexidade de substrato é possível encontrar uma elevada biodiversidade quer a nível de fauna quer a nível de flora marinha.
Além das espécies tipicamente do intertidal rochoso é ainda possível referenciar a existência de espécies que ainda não foram registadas noutros pontos do litoral do concelho de Cascais devido às elevadas exigências de habitat das mesmas, sendo de extrema importância a preservação desta área para a sua perduração.
Estas características fazem da AMP das Avencas um lugar único na Área Metropolitana de Lisboa onde é possível usufruir da Natureza de uma forma sustentável.
Penso que na descrição anterior está bastante evidente o valor do património geofísico da área.
Sim, infelizmente apesar de ser uma área protegida ainda existem algumas fontes poluidoras como algumas águas pluviais que chegam à costa com contaminantes de resíduos domésticos. No entanto, a maior fonte poluidora é mesmo o Mar, pois a quantidade de resíduos que se encontram armazenados nos fundos marinhos e são arrastados até à praia principalmente no Inverno é alarmante. Muitos destes resíduos têm origem na outra ponta do mundo e viajam até às nossas costas através das correntes.
A principal ameaça à biodiversidade da AMP das Avencas foi identificada como sendo a pressão humana causada pelo veraneio, uma vez que a capacidade de carga da praia é excedida diariamente durante a época balnear. O pisoteio, os resíduos deixados pelos veraneantes e os próprios protetores solares, provocam impactos num sistema que, apesar de ser muito resiliente, não suporta este tipo de carga diária.
Concluída esta entrevista, resta-nos agradecer à Doutora Ana Margarida Ferreira a generosidade e a amabilidade com que cedeu o seu tempo aos alunos do Curso Profissional Técnico de Fotografia (2º M), esclarecendo prontamente as suas dúvidas, satisfazendo a sua curiosidade a respeito do Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal e da Área Protegida Marinha das Avencas que gere, e contribuindo inegavelmente para melhorar os seus conhecimentos sobre o papel do CIAPS na investigação dos sistema costeiros do litoral de cascais e na educação ambiental da população escolar e visitantes daa Avencas.