Professora do Grupo de docência 520 (Biologia e Geologia)
Coordenadora Nacional do Projeto Coastwatch Europe
GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
Realizo um conjunto de atividades que passam pela dinamização das Campanhas Coastwatch anuais. Este ano o projeto Coastwatch comemora 30 anos e o GEOTA lançou a 30ª Campanha Coastwatch sob o lema 30 Anos a Olhar pelo Litoral. Já iniciei as atividades de divulgação da campanha em escolas e em eventos socioambientais. Dinamizo ações de formação/informação Coastwatch para docentes, técnicos e público em geral no país. Algumas destas ações de formação, como por exemplo o Seminário Nacional Coastwatch, estão acreditadas como formação contínua de professores. Entre outras tarefas, acompanho saídas de campo com alunos das escolas participantes e com outros grupos de pessoas, produzo materiais de apoio (questionários, fichas informativas, formulários de introdução de dados necessários à monitorização coastwatch), promovo o Projeto Coastwatch nas redes sociais e participo na organização de eventos, como seja o Seminário Nacional anual para divulgação dos resultados nacionais do projeto.
O projeto é apoiado pelo Ministério da Educação, Ministério do Ambiente e Transição Energética. O Ministério da Educação apoia mediante o destacamento de um professor para o acompanhamento do projeto. Ainda, contamos com o Alto Patrocínio do Presidente da República, subsídios de Câmaras Municipais e outras entidades públicas. A RTP, em tempo de antena, apoia com a divulgação do vídeo promocional Coastwatch. Os apoios privados ao projeto são os Fundos próprios do GEOTA, receitas com a inscrição dos participantes no seminário nacional e patrocínios de empresas.
O Projeto é reconhecido como uma referência em educação ambiental e para a cidadania, encontrando-se referido em documentos curriculares. Anualmente o ME concede o destacamento de um professor para a dinamização do projeto, pela entidade promotora - o GEOTA.
Todas as pessoas podem participar no Projeto Coastwatch, é gratuito e a monitorização ambiental coastwatch pode ser realizada em Portugal Continental e Regiões Autónomas da Madeira e Açores. Nas últimas campanhas participaram cerca de 3500 pessoas, maioritariamente a comunidade educativa, mas também participaram ONGs, pessoas particulares, famílias, empresas, associações, Corpo Nacional de Escutas e outras entidades.
Na última Campanha Coastwatch (2018-2019), as regiões do litoral mais participadas por ordem decrescente foram: Algarve, a zona do Pinhal Litoral e a zona Oeste.
O Coastwatch foi inicialmente desenvolvido na Irlanda por uma equipa, liderada por Karin Dubsky do Triniti College de Dublin, no final dos anos 80 do século XX. Surgiu como projeto de monitorização científica das condições ambientais do litoral, mas rapidamente foram evidenciadas valências pedagógicas e de sensibilização ambiental do público. Desde então, tem-se assumido como um projeto de ciência cidadã. Na altura, uma associada do GEOTA, a Dra. Margarida Marcelino, que tomou contacto com este projeto, verificou a sua pertinência e utilidade, como projeto de educação ambiental e ciência cidadã. Desta forma, passou a ser coordenado pelo GEOTA, que o tem desenvolvido a nível nacional há 30 anos.
Os dados recolhidos, depois de tratados, têm valor científico. Têm sido usados em trabalhos de investigação, como: teses de licenciatura, mestrado e outras. Ao nível europeu chegaram a constar dos relatórios sobre o estado do ambiente litoral.
Os principais problemas identificados pela leitura dos dados recolhidos, através do Questionário CoastWatch, tem sido a poluição através de resíduos e/ou contaminações, a erosão costeira e a enorme pressão sobre os ecossistemas costeiros, com consequente perda de biodiversidade. Os participantes nas últimas campanhas registaram um aumento de espécies invasoras ou exóticas no litoral.
Nos últimos 30 anos, a costa portuguesa sofreu uma acentuada erosão, com perda de costa e grandes recuos dos areais das praias. A intervenção humana também contribui para a situação. Para além de acelerar a fragilização de arribas e do cordão dunar, o homem também tem impedido a normal circulação de sedimentos. Para mitigar estas situações foram realizadas e continuar-se-ão a realizar obras de intervenção na faixa litoral.Destaca-se também o aumento de ocupação no litoral com elevadas pressões urbanísticas. Contudo, as figuras jurídicas de proteção do litoral e em muitos concelhos a atitudes e os investimentos sobre a requalificação da faixa litoral (mesmo que tenha por vezes implicado alguma artificialização) tem evoluído de forma relativamente positiva.